23.9.04

Eu não reclamo quando aumentam o preço da gasolina. Aliás, eu não acharia injusto pagar uns 10 reais por litro, apesar de não ter condições de bancar esse valor. Mas se você pensar que o cara tem que construir um monte de plataformas em alto-mar, cavar milhares de quilômetros, montar uma refinaria para tratar o material bruto, ter um canal de distribuição e ainda desenvolver tecnologia de ponta para tudo isso, vai ver que a gasolina é muito barata.
Caro é o preço da água. Tem ambulante que vende uma garrafinha por 1 real. Se você pensar no trabalho que ele teve, a fábrica não o ambulante, ia ficar revoltado. Eles vão em uma fonte, pegam a água, tratam e embalam. Não parece muito complicado. Mas revoltante mesmo é o preço de cerveja em festa. Tem que estar muito bêbado para pagar 3 reais em uma lata de Kaiser. Pense em todo o processo da cerveja, não pode ser mais complicado do que o da gasolina.
Tirando todas as explicações de marketing que você pode ouvir sobre o valor das coisas, vai perceber que a gente não sabe é colocar cada macaco no seu galho. Vai lá que a imagem da Petrobras não anda lá essas coisas devido aos últimos acidentes com as plataformas, mas, convenhamos, não era para gasolina ser tão barata só por causa disso.
O exemplo campeão: você compra um carro e sai todo feliz com ele. Aí você pára no estacionamento público e quem cuida do carro? Isso mesmo. Você deixa 20 mil reais, o preço de um popular, nas mãos do profissional mais preparado para cuidar de um carro: o flanelinha. Não dá para entender. Você gasta uma grana no financiamento, paga seguro, coloca trava e fica absolutamente bravo quando tem que pagar cinco reais para parar em um estacionamento seguro.
Eu só posso pensar que a gente não sabe o valor de coisa alguma. Me lembrei de uma ex que uma vez me perguntou se o meu amor por ela valia mais que todas as coisas. Eu hein, eu não dou valor nem para o meu carro. Deve ser por isso que ela acabou.

0 comments: