30.12.09

Feliz ano novo, pessoal.

17.12.09

15.12.09









Mais trabalhos do ilustrador finlandês megafodão Klaus Haapaniemi aqui.

8.12.09

A luz é como a água
Por Gabriel García Márquez



No Natal os meninos tornaram a pedir um barco a remos.

— De acordo — disse o pai —, vamos comprá-lo quando voltarmos a Cartagena.

Totó, de nove anos, e Joel, de sete, estavam mais decididos do que seus pais achavam.

— Não — disseram em coro. — Precisamos dele agora e aqui.

— Para começar — disse a mãe —, aqui não há outras águas navegáveis além da que sai do chuveiro.

Tanto ela como o marido tinham razão. Na casa de Cartagena de Índias havia um pátio com um atracadouro sobre a baía e um refúgio para dois iates grandes. Em Madri, porém, viviam apertados no quinto andar do número 47 do Paseo de la Castellana. Mas no final nem ele nem ela puderam dizer não, porque haviam prometido aos dois um barco a remos com sextante e bússola se ganhassem os louros do terceiro ano primário, e tinham ganhado. Assim sendo, o pai comprou tudo sem dizer nada à esposa, que era a mais renitente em pagar dívidas de jogo. Era um belo barco de alumínio com um fio dourado na linha de flutuação,

— O barco está na garagem — revelou o pai na hora do almoço.— O problema é que não tem jeito de trazê-lo pelo elevador ou pela escada, e na garagem não tem mais lugar.

No entanto, na tarde do sábado seguinte, os meninos convidaram seus colegas para carregar o barco pelas escadas, e conseguiram levá-lo até o quarto de empregada.

— Parabéns — disse o pai. — E agora?

— Agora, nada - disseram os meninos. — A única coisa que a gente queria era ter o barco no quarto, e pronto.

Na noite de quarta-feira, como em todas as quartas-feiras, os pais foram ao cinema. Os meninos, donos e senhores da casa, fecharam portas e janelas, e quebraram a lâmpada acesa de um lustre da sala. Um jorro de luz dourada e fresca feito água começou a sair da lâmpada quebrada, e deixaram correr até que o nível chegou a quatro palmos. Então desligaram a corrente, tiraram o barco, e navegaram com prazer entre as ilhas da casa.

Esta aventura fabulosa foi o resultado de uma leviandade minha quando participava de um seminário sobre a poesia dos utensílios domésticos. Totó me perguntou como era que a luz acendia só com a gente apertando um botão, e não tive coragem para pensar no assunto duas vezes.

— A luz é como a água — respondi. — A gente abre a torneira e sai.

E assim continuaram navegando nas noites de quarta-feira, aprendendo a mexer com o sextante e a bússola, até que os pais voltavam do cinema e os encontravam dormindo como anjos em terra firme. Meses depois, ansiosos por ir mais longe, pediram um equipamento de pesca submarina. Com tudo: máscaras, pés-de-pato, tanques e carabinas de ar comprimido.

— Já é ruim ter no quarto de empregada um barco a remos que não serve para nada.
— disse o pai — Mas pior ainda é querer ter além disso equipamento de mergulho.

— E se ganharmos a gardênia de ouro do primeiro semestre? — perguntou Joel.

— Não - disse a mãe, assustada. — Chega. O pai reprovou sua intransigência.

— É que estes meninos não ganham nem um prego por cumprir seu dever — disse ela —, mas por um capricho são capazes de ganhar até a cadeira do professor.

No fim, os pais não disseram que sim ou que não. Mas Totó e Joel, que tinham sido os últimos nos dois anos anteriores, ganharam em julho as duas gardênias de ouro e o reconhecimento público do diretor. Naquela mesma tarde, sem que tivessem tornado a pedir, encontraram no quarto os equipamentos em seu invólucro original. De maneira que, na quarta-feira seguinte, enquanto os pais viam O Último Tango em Paris, encheram o apartamento até a altura de duas braças, mergulharam como tubarões mansos por baixo dos móveis e das camas, e resgataram do fundo da luz as coisas que durante anos tinham-se perdido na escuridão.


Na premiação final os irmãos foram aclamados como exemplo para a escola e ganharam diplomas de excelência. Desta vez não tiveram que pedir nada, porque os pais perguntaram o que queriam. E eles foram tão razoáveis que só quiseram uma festa em casa para os companheiros de classe.

O pai, a sós com a mulher, estava radiante. — É uma prova de maturidade — disse.

— Deus te ouça — respondeu a mãe.

Na quarta-feira seguinte, enquanto os pais viam A Batalha de Argel, as pessoas que passaram pela Castellana viram uma cascata de luz que caía de um velho edifício escondido entre as árvores. Saía pelas varandas, derramava-se em torrentes pela fachada, e formou um leito pela grande avenida numa correnteza dourada que iluminou a cidade até o Guadarrama.

Chamados com urgência, os bombeiros forçaram a porta do quinto andar, e encontraram a casa coberta de luz até o teto. O sofá e as poltronas forradas de pele de leopardo flutuavam na sala a diferentes alturas, entre as garrafas do bar e o piano de cauda com seu xale de Manilha que agitava-se com movimentos de asa a meia água como uma arraia de ouro. Os utensílios domésticos, na plenitude de sua poesia, voavam com suas próprias asas pelo céu da cozinha. Os instrumentos da banda de guerra, que os meninos usavam para dançar, flutuavam a esmo entre os peixes coloridos liberados do aquário da mãe, que eram os únicos que flutuavam vivos e felizes no vasto lago iluminado. No banheiro flutuavam as escovas de dentes de todos, os preservativos do pai, os potes de cremes e a dentadura de reserva da mãe, e o televisor da alcova principal flutuava de lado, ainda ligado no último episódio do filme da meia-noite proibido para menores.

No final do corredor, flutuando entre duas águas, Totó estava sentado na popa do bote, agarrado aos remos e com a máscara no rosto, buscando o farol do porto até o momento em que houve ar nos tanques de oxigênio, e Joel flutuava na proa buscando ainda a estrela polar com o sextante, e flutuavam pela casa inteira seus 37 companheiros de classe, eternizados no instante de fazer xixi no vaso de gerânios, de cantar o hino da escola com a letra mudada por versos de deboche contra o diretor, de beber às escondidas um copo de brandy da garrafa do pai. Pois haviam aberto tantas luzes ao mesmo tempo que a casa tinha transbordado, e o quarto ano elementar inteiro da escola de São João Hospitalário tinha se afogado no quinto andar do número 47 do Paseo de la Castellana. Em Madri de Espanha, uma cidade remota de verões ardentes e ventos gelados, sem mar nem rio, e cujos aborígines de terra firme nunca foram mestres na ciência de navegar na luz.

3.12.09

25.11.09

Hoje descobri o trampo dessa mina, Stina Persson. Além de fodona, é sueca. Pense...







Para ver mais, clique aqui

17.11.09



Com vocês, o homem-legenda.

14.11.09

Um argumento genial. Filme de José Roberto Torero. 1996. Aproveite.


11.11.09

Um publicitário parodiou Chico Buarque sobre as mazelas da profissão. Outro gostou e musicou. Aí jogaram na rede. Pena que só publicitário vai rir...

Daft Chico

5.11.09

O que Obama, Anjelina Jolie, Bender e House usariam se estivessem na sua cidade? Descubra aqui.

Quem vive em set de publicidade ou já foi a alguns, sabe que o Brasil está cheio de bons profissionais de audiovisual. Temos diretores de arte, cenógrafos, figurinistas, maquiadores, fotógrafos de primeira linha. Mesmo tendo uma indústria do cinema tão capenga que precisa se apoiar na produção publicitária pra sobreviver.

Por isso vá ver Besouro. A história não é lá essas coisas. Mas a parte técnica do filme, minha nossa senhora, deixa qualquer um de boca aberta.

3.11.09

Quem em plena sobriedade pensaria em desenvolver um buscador web nos tempos de Google? Pois é, pensaram. Chama-se spezify.com. Mas tem uma engine bem diferente da do google e mostra resultados de videos do YT, tweets, imagens, notícias. É divertidinho. Vale para aqueles 2 minutos preguiçosos antes de voltar a trabalhar.
Ser goiano não ajuda o currículo de ninguém. Pelo contrário. Acho que isso está bem claro para todo mundo. É por isso que vale a pena dar uma olhada no trabalho do Rodrigo. Ele foi o responsável pela imagem abaixo, uma tela em que ele mostra uma de suas milhares de máquinas que criam alguma coisa. Tem as que criam florestas, nuvens, sonhos. Se na sua cidade tem CAIXA Cultural, fique atento à programação. Vale a pena gastar uma horinha com esse comedor de empadão.

30.10.09

Já estamos cansados de ver roteiros com a mesma fórmula. Pois é, mas este é mais um. Sabe aquela velho truque de algo inusitado acontecer com o protagonista e isto lhe levar a situações fantásticas? Este é mais um filme assim. Os plot points são previsiveis: ele primeiro renega sua condição, procura ajuda, depois se conforma com ela. Rebobine, por favor é assim. O curioso caso de Benjamin Button é assim. Super-homem é assim. E tantos outros. Mas acho que quando a situação é estranhamente encantadora e a direção de arte primorosa, vale a pena insistir na produção de uma fórmula. Bem-vindos à fórmula bem feita.

Skhizein (Jérémy Clapin,2008) from Stephen Dedalus on Vimeo.

29.10.09

Ontem rolou o Dia Internacional de Animação em mais de 400 cidades do Brasil e em sei lá quantas nesse mundão de meu deus. Ponto positivo para a organização: 400 cidades! Mas a divulgação foi péssima. Mudaram o horário de início da sessão de 19h30 para 19h15. E quem chegou, como eu, às 19h30, viu uma sala com problemas técnicos. Uma sala como a do embracine não pode ter problemas técnicos. Bom, acho que o DIA vem ganhando corpo. O número de cidades aumentou, conseguiram um espaço de ponta, colocaram um caboquinho na porta, fizeram convites, mas ainda há muito para se tornar um dia expressivo para a animação. Um ponto que acho fundamental é melhorar a seleção de filmes. Ontem vi muita coisa de baixa qualidade, experimental ou não. Seleções fortes praticamente garantem a diversão. O público sabe que vai ver coisa boa. E nesse mundo automatizado com consumidores que não querem ser irritados, isso é essencial. Poucos são os que saem de casa para se arriscarem em filmes que eles não sabem a qualidade. A galera gosta mesmo é da garantia. O cinemark, o UCI e afins lotam porque as pessoas sabem que tem estacionamento, que o ar funciona, que a projeção e o som são bons, que a pipoca entupirá suas veias com quilos de gordura hidrogenada, o que com as altas doses de açúcar da coca, vai nocautear seus cérebros. São poucos os que se arriscam a sair da rotina. Ainda mais quando o assunto é lazer, aquele tempo cada vez mais escasso e que por isso as pessoas valorizam tanto. Passar um final de semana sem fazer nada agradável é como passar um final de semana com depressão. Temos que pensar nisso no próximo DIA.

28.10.09

27.10.09

Amanhã é o DIA – Dia Internacional da Animação. Me desculpem mas meus dedos não resistiram a esse trocadalho. Foi inevitável. O que também deve ser a presença de vocês nesse festival que vai rolar no mundo todo e em várias cidades brasileiras. Uma oportunidade para ver animação que não seja da Disney/Pixar, Dreamworks ou outra que explore ao máximo a mesma vertente de animação, sabe? Essa coisa superbemacabada com roteiro com personagens infantis fofinhos mas com piadas adultas que é para os pais rirem também. Nada contra, mas há outras coisas que seus olhos merecem ver. Clique aqui para ver a programação na sua cidade.

21.10.09

9.10.09

Ainda é uma cópia de visualização, ainda sem ser renderizada totalemnte, mas vale a pena ver. Boa sexa!

JumpTrumpRumpBump from Molasses Murphy on Vimeo.

6.10.09

Pink Ribbon - Twee Vriendinnen from Grey Amsterdam on Vimeo.

Compton, califórnia - Brasília em 17 anos. Esse foi o tempo que demorou pro Krump chegar aos meus ouvidos. Mas isso é o de menos. O Krump é uma dança urbana derivada do hip-hop. Ela não deriva do hip-hop exatamente, como dizer? Melhor ver do que ler. para mim, o MJ foi o primeiro krump dancer do mundo, embora ele tenha jogado no easy. O Krump ganhou tanta força que os caras criaram até uma comunidade a Krump Kings, com um krumptionary e tudo. Dá o play aí.

2.10.09

1.10.09

Há algum tempo atrás eu postei um vídeo dos cabocos da Sambô, uma bandinha de pagode que fazia versõess de clássicos do rock. Mas esse caboco agora se superou.


28.9.09

24.9.09

23.9.09

As agências de publicidade são assim.

3.9.09

2.9.09








25.8.09

Vi Brüno ontem. Gastei uns 15 minutos pensando sobre o filme e o que poderia escrever aqui. Mas não vale a pena. Seria um esforço jogado fora, meu e de vocês. Então coloquei um vídeo que vale muito a pena ser visto.


17.8.09

Faz 5 anos que eu trabalho em um roteiro de um curtíssima metragem. Foram 20 versões, não sei quantas alterações, para ontem, quando fui montar o vídeo, o hd do meu mac me dizer que não sabia onde estava o arquivo. Caraaaaaaaaaaaaai, eu mato o Steve Jobs.
Ilustra bem bacana. Dá uma olhada.

24.7.09

17.7.09

15.7.09

7.7.09

We Have Band - You Came Out (The Making Of) from We Have Band on Vimeo.

We Have Band - You Came Out (Official Music Video) from We Have Band on Vimeo.

Quem curte fazer videoperformances ganhou um bom aliado, o programa quase-cinema, desenvolvido pelo artista plástico brasiliense Alexandre Rangel. Nele, dá para editar vídeos e aúdios em tempo real. Bacana e fácil de usar. Ah, o programa tem o código aberto, pode abaixar à vontade.

Quase Cinema

6.7.09

Uma última homenagem a MJ e não se fala mais nisso.
A New Balance faz produtos excelentes, a Topper também(alguns, somente), a Mizuno idem. Mas, tirando a Adidas, nenhuma consegue nem chegar perto da magia da Nike. Sabe por quê? Os caras abusam de conceitos cinematográficos. Esse vídeo podia ser fácil um documentário sobre futebol, principalmente a primeira parte. Dá uma olhada.




2.7.09

30.6.09

23.6.09

Para o público comum pode até ser normal, mas para quem está envolvido com cinema, é estranhissimo um filme ser lançado direto em DVD. Você filma em película, pensa nos enquadramentos pensando a exibição no telão, telecina e os caras lançam o filme para se ver, em geral, em TVs de 32".

Mas os filmes lançados em DVD mantêm a roda da indústria girando. Eles geralmente tem problemas, geralmente de roteiro. Veja o caso de Capítulo 27, que conta a história do assassinato de John Lennon. A fita é morosa, lenta, falta pontos de virada, enfim. Mas a atuação de Jared Leto é bem bacana. Vale a pena ser lançado. Porque contra-regras trabalham, fotógrafos, maquiadores, dá para passar na tv e tudo o mais.

Ou você acha que vale a pena só ser lançado filme excelente?

19.6.09

Ainda mais depois de uma feijuca na sexta.
Balmorhea muxtape

18.6.09

16.6.09

8.6.09

Não importa se você gosta de jogos eletrônicos ou não. A animação do novo jogo da Harmonix agrada a todos.


5.6.09

ANEDOTA PECUNIÁRIA, de Machado de Assis

Chama-se Falcão o meu homem. Naquele dia — quatorze de abril de 1870 — quem
lhe entrasse em casa, às dez horas da noite, vê-lo-ia passear na sala, em mangas de camisa, calça preta e gravata branca, resmungando, gesticulando, suspirando, evidentemente aflito. Às vezes, sentava-se; outras, encostava-se à janela, olhando para a praia, que era a da Gamboa. Mas, em qualquer lugar ou atitude, demorava-se pouco tempo.

— Fiz mal, dizia ele, muito mal. Tão minha amiga que ela era! tão amorosa! Ia
chorando, coitadinha! Fiz mal, muito mal... Ao menos, que seja feliz!

Se eu disser que este homem vendeu uma sobrinha, não me hão de crer; se descer a
definir o preço, dez contos de réis, voltar-me-ão as costas com desprezo e indignação.
Entretanto, basta ver este olhar felino, estes dois beiços, mestres de cálculo, que, ainda fechados, parecem estar contando alguma coisa, para adivinhar logo que a feição capital do nosso homem é a voracidade do lucro. Entendamo-nos: ele faz arte pela arte, não ama o dinheiro pelo que ele pode dar, mas pelo que é em si mesmo! Ninguém lhe vá falar dos regalos da vida. Não tem cama fofa, nem mesa fina, nem carruagem, nem comenda. Não se ganha dinheiro para esbanjá-lo, dizia ele. Vive de migalhas; tudo o que amontoa é para a contemplação. Vai muitas vezes à burra, que está na alcova de dormir, com o único fim de fartar os olhos nos rolos de ouro e maços de título. Outras vezes, por um requinte de erotismo pecuniário, contempla-os só de memória. Neste particular, tudo o que eu pudesse dizer, ficaria abaixo de uma palavra dele mesmo, em 1857.

Já então milionário, ou quase, encontrou na rua dois meninos, seus conhecidos, que
lhe perguntaram se uma nota de cinco mil-réis, que lhes dera um tio, era verdadeira.
Corriam algumas notas falsas, e os pequenos lembraram-se disso em caminho. Falcão ia
com um amigo. Pegou trêmulo na nota, examinou-a bem, virou-a, revirou-a...

— É falsa? perguntou com impaciência um dos meninos.

— Não; é verdadeira.

— Dê cá, disseram ambos.

Falcão dobrou a nota vagarosamente, sem tirar-lhe os olhos de cima; depois,
restituiu-a aos pequenos, e, voltando-se para o amigo, que esperava por ele, disse-lhe com a maior candura do mundo:

— Dinheiro, mesmo quando não é da gente, faz gosto ver.

Era assim que ele amava o dinheiro, até à contemplação desinteressada. Que outro
motivo podia levá-lo a parar, diante das vitrinas dos cambistas, cinco, dez, quinze minutos, lambendo com os olhos os montes de libras e francos, tão arrumadinhos e amarelos? O mesmo sobressalto com que pegou na nota de cinco mil-réis, era um rasgo sutil, era o terror da nota falsa. Nada aborrecia tanto, como os moedeiros falsos, não por serem criminosos, mas prejudiciais, por desmoralizarem o dinheiro bom.

A linguagem do Falcão valia um estudo. Assim é que, um dia, em 1864, voltando
do enterro de um amigo, referiu o esplendor do préstito, exclamando com entusiasmo: —
"Pegavam no caixão três mil contos!" E, como um dos ouvintes não o entendesse logo,
concluiu do espanto, que duvidava dele, e discriminou a afirmação: — "Fulano
quatrocentos, Sicrano seiscentos... Sim, senhor, seiscentos; há dois anos, quando desfez a sociedade com o sogro, ia em mais de quinhentos; mas suponhamos quinhentos..." E foi por diante, demonstrando, somando e concluindo: — "Justamente, três mil contos!"

Não era casado. Casar era botar dinheiro fora. Mas os anos passaram, e aos quarenta
e cinco entrou a sentir uma certa necessidade moral, que não compreendeu logo, e era a
saudade paterna. Não mulher, não parentes, mas um filho ou uma filha, se ele o tivesse, era como receber um patacão de ouro. Infelizmente, esse outro capital devia ter sido acumulado em tempo; não podia começá-lo a ganhar tão tarde. Restava a loteria; a loteria deu-lhe o prêmio grande.

Morreu-lhe o irmão, e três meses depois a cunhada, deixando uma filha de onze
anos. Ele gostava muito desta e de outra sobrinha, filha de uma irmã viúva; dava-lhes
beijos, quando as visitava; chegava mesmo ao delírio de levar-lhes, uma ou outra vez,
biscoitos. Hesitou um pouco, mas, enfim, recolheu a órfã; era a filha cobiçada. Não cabia em si de contente; durante as primeiras semanas, quase não saía de casa, ao pé dela, ouvindo-lhe histórias e tolices.

Chamava-se Jacinta, e não era bonita; mas tinha a voz melodiosa e os modos
fagueiros. Sabia ler e escrever; começava a aprender música. Trouxe o piano consigo, o
método e alguns exercícios; não pôde trazer o professor, porque o tio entendeu que era
melhor ir praticando o que aprendera, e um dia... mais tarde... Onze anos, doze anos, treze anos, cada ano que passava era mais um vínculo que atava o velho solteirão à filha adotiva, e vice-versa. Aos treze, Jacinta mandava na casa; aos dezessete era verdadeira dona. Não abusou do domínio; era naturalmente modesta, frugal, poupada.

— Um anjo! dizia o Falcão ao Chico Borges.

Este Chico Borges tinha quarenta anos, e era dono de um trapiche. Ia jogar com o
Falcão à noite. Jacinta assistia às partidas. Tinha então dezoito anos; não era mais bonita, mas diziam todos "que estava enfeitando muito". Era pequenina, e o trapicheiro adorava as mulheres pequeninas. Corresponderam-se, o namoro fez-se paixão.

— Vamos a elas, dizia o Chico Borges ao entrar, pouco depois de ave-marias.

As cartas eram o chapéu de sol dos dois namorados. Não jogavam a dinheiro; mas o
Falcão tinha tal sede ao lucro, que contemplava os próprios tentos, sem valor, e contava-os de dez em dez minutos, para ver se ganhava ou perdia. Quando perdia, caía-lhe o rosto num desalento incurável, e ele recolhia-se pouco a pouco ao silêncio. Se a sorte teimava em persegui-lo, acabava o jogo, e levantava-se tão melancólico e cego, que a sobrinha e o parceiro podiam apertar a mão, uma, duas, três vezes, sem que ele visse coisa nenhuma.

Era isto em 1869. No princípio de 1870 Falcão propôs ao outro uma venda de ações.
Não as tinha; mas farejou uma grande baixa, e contava ganhar de um só lance trinta a
quarenta contos ao Chico Borges. Este respondeu-lhe finamente que andava pensando em
oferecer-lhe a mesma coisa. Uma vez que ambos queriam vender e nenhum comprar,
podiam juntar-se e propor a venda a um terceiro. Acharam o terceiro, e fecharam o contrato a sessenta dias. Falcão estava tão contente, ao voltar do negócio, que o sócio abriu-lhe o coração e pediu-lhe a mão de Jacinta. Foi o mesmo que, se de repente, começasse a falar turco. Falcão parou, embasbacado, sem entender. Que lhe desse a sobrinha? Mas então...

— Sim; confesso a você que estimaria muito casar com ela, e ela... penso que
também estimaria casar comigo.

— Qual, nada! interrompeu o Falcão. Não, senhor; está muito criança, não consinto.

— Mas reflita...

— Não reflito, não quero.

Chegou a casa irritado e aterrado. A sobrinha afagou-o tanto para saber o que era,
que ele acabou contando tudo, e chamando-lhe esquecida e ingrata. Jacinta empalideceu;
amava os dois, e via-os tão dados, que não imaginou nunca esse contraste de afeições. No quarto chorou à larga; depois escreveu uma carta ao Chico Borges, pedindo-lhe pelas cinco chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo, que não fizesse barulho nem brigasse com o tio; dizia-lhe que esperasse, e jurava-lhe um amor eterno.

Não brigaram os dois parceiros; mas as visitas foram naturalmente mais escassas e
frias. Jacinta não vinha à sala, ou retirava-se logo. O terror do Falcão era enorme. Ele amava a sobrinha com um amor de cão, que persegue e morde aos estranhos. Queria-a para si, não como homem, mas como pai. A paternidade natural dá forças para o sacrifício da separação; a paternidade dele era de empréstimo, e, talvez, por isso mesmo, mais egoísta. Nunca pensara em perdê-la; agora, porém, eram trinta mil cuidados, janelas fechadas, advertências à preta, uma vigilância perpétua, um espiar os gestos e os ditos, uma campanha de D. Bartolo.

Entretanto, o sol, modelo de funcionários, continuou a servir pontualmente os dias,
um a um, até chegar dos dois meses do prazo marcado para a entrega das ações. Estas
deviam baixar, segundo a previsão dos dois; mas as ações, como as loterias e as batalhas, zombam dos cálculos humanos. Naquele caso, além de zombaria, houve crueldade, porque nem baixaram, nem ficaram ao par; subiram até converter o esperado lucro de quarenta contos numa perda de vinte.

Foi aqui que o Chico Borges teve uma inspiração de gênio. Na véspera, quando o
Falcão, abatido e mudo, passeava na sala o seu desapontamento, propôs ele custear todo o deficit, se lhe desse a sobrinha, Falcão teve um deslumbramento.

— Que eu...?

— Isso mesmo, interrompeu o outro, rindo.

— Não, não...

Não quis; recusou três e quatro vezes. A primeira impressão fora de alegria, eram os
dez contos na algibeira. Mas a idéia de separar-se de Jacinta era insuportável, e recusou. Dormiu mal. De manhã, encarou a situação, pesou as coisas, considerou que, entregando Jacinta ao outro, não a perdia inteiramente, ao passo que os dez contos iam-se embora. E, depois, se ela gostava dele e ele dela, por que razão separá-los? Todas as filhas casam-se, e os pais contentam-se de as ver felizes. Correu à casa do Chico Borges, e chegaram a acordo.

— Fiz mal, muito mal, bradava ele na noite do casamento. Tão minha amiga que ela
era! Tão amorosa! Ia chorando, coitadinha... Fiz mal, muito mal.

Cessara o terror dos dez contos; começara o fastio da solidão. Na manhã seguinte,
foi visitar os noivos. Jacinta não se limitou a regalá-lo com um bom almoço, encheu-o de mimos e afagos; mas nem estes, nem o almoço lhe restituíram a alegria. Ao contrário, a felicidade dos noivos entristeceu-o mais. Ao voltar para casa não achou a carinha meiga de Jacinta. Nunca mais lhe ouviria as cantigas de menina e moça; não seria ela quem lhe faria o chá, quem lhe traria, à noite, quando ele quisesse ler, o velho tomo ensebado do Saint- Clair das Ilhas, dádiva de 1850.

— Fiz mal, muito mal...

Para remediar o mal feito, transferiu as cartas para a casa da sobrinha, e ia lá jogar, à noite, com o Chico Borges. Mas a fortuna, quando flagela um homem, corta-lhe todas as vazas. Quatro meses depois, os recém-casados foram para a Europa; a solidão alargou-se de toda a extensão do mar. Falcão contava então cinqüenta e quatro anos. Já estava mais consolado do casamento de Jacinta; tinha mesmo o plano de ir morar com eles, ou de graça, ou mediante uma pequena retribuição, que calculou ser muito mais econômica do que a despesa de viver só. Tudo se esboroou; ei-lo outra vez na situação de oito anos antes, com a diferença que a sorte arrancara-lhe a taça entre dois goles.

Vai senão quando cai-lhe outra sobrinha em casa. Era a filha da irmã viúva, que
morreu e lhe pediu a esmola de tomar conta dela. Falcão não prometeu nada, porque um
certo instinto o levava a não prometer coisa nenhuma a ninguém, mas a verdade é que
recolheu a sobrinha, tão depressa a irmã fechou os olhos. Não teve constrangimento; ao
contrário, abriu-lhe as portas de casa, com um alvoroço de namorado, e quase abençoou a morte da irmã. Era outra vez a filha perdida.

— Esta há de fechar-me os olhos, dizia ele consigo.

Não era fácil. Virgínia tinha dezoito anos, feições lindas e originais; era grande e
vistosa. Para evitar que lha levassem, Falcão começou por onde acabara da primeira vez: — janelas cerradas, advertências à preta, raros passeios, só com ele e de olhos baixos. Virgínia não se mostrou enfadada. — Nunca fui janeleira, dizia ela, e acho muito feio que uma moça viva com o sentido na rua. Outra cautela do Falcão foi não trazer para casa senão parceiros de cinqüenta anos para cima ou casados. Enfim, não cuidou mais da baixa das ações. E tudo isso era desnecessário, porque a sobrinha não cuidava realmente senão dele e da casa. Às vezes, como a vista do tio começava a diminuir muito, lia-lhe ela mesma alguma página do Saint-Clair das Ilhas. Para suprir os parceiros, quando eles faltavam, aprendeu a jogar cartas, e, entendendo que o tio gostava de ganhar, deixava-se sempre perder. Ia mais longe: quando perdia muito, fingia-se zangada ou triste, com o único fim de dar ao tio um acréscimo de prazer. Ele ria então à larga, mofava dela, achava-lhe o nariz comprido, pedia um lenço para enxugar-lhe as lágrimas; mas não deixava de contar os seus tentos de dez em dez minutos, e se algum caía no chão (eram grãos de milho) descia a vela para apanhá-lo.

No fim de três meses, Falcão adoeceu. A moléstia não foi grave nem longa; mas o
terror da morte apoderou-se-lhe do espírito, e foi então que se pôde ver toda a afeição que ele tinha à moça. Cada visita que se lhe chegava, era recebida com rispidez, ou pelo menos com sequidão. Os mais íntimos padeciam mais, porque ele dizia-lhes brutalmente que ainda não era cadáver, que a carniça ainda estava viva, que os urubus enganavam-se de cheiro, etc. Mas nunca Virgínia achou nele um só instante de mau humor. Falcão obedecia-lhe em tudo, com uma passividade de criança, e, quando ria, é porque ela o fazia rir.

— Vamos, tome o remédio, deixe-se disso, vosmecê agora é meu filho...

Falcão sorria e bebia a droga. Ela sentava-se ao pé da cama, contando-lhe histórias;
espiava o relógio para dar-lhe os caldos ou a galinha, lia-lhe o sempiterno Saint-Clair. Veio a convalescença. Falcão saiu a alguns passeios, acompanhado de Virgínia. A prudência com que esta, dando-lhe o braço, ia mirando as pedras da rua, com medo de encarar os olhos de algum homem, encantava o Falcão.

— Esta há de fechar-me os olhos, repetia ele consigo mesmo. Um dia, chegou a
pensá-lo em voz alta: — Não é verdade que você me há de fechar os olhos?

— Não diga tolices!

Conquanto estivesse na rua, ele parou, apertou-lhe muito as mãos, agradecido, não
achando que dizer. Se tivesse a faculdade de chorar, ficaria provavelmente com os olhos úmidos. Chegando à casa, Virgínia correu ao quarto para reler uma carta que lhe entregara na véspera uma D. Bernarda, amiga de sua mãe. Era datada de New York, e trazia por única assinatura este nome: Reginaldo. Um dos trechos dizia assim: "Vou daqui no paquete de 25. Espera-me sem falta. Não sei ainda se irei ver-te logo ou não. Teu tio deve lembrar-se de mim; viu-me em casa de meu tio Chico Borges, no dia do casamento de tua prima..."

Quarenta dias depois, desembarcava este Reginaldo, vindo de New York, com trinta
anos feitos e trezentos mil dólares ganhos. Vinte e quatro horas depois visitou o Falcão, que o recebeu apenas com polidez. Mas o Reginaldo era fino e prático; atinou com a principal corda do homem, e vibrou-a. Contou-lhe os prodígios de negócio nos Estados Unidos, as hordas de moedas que corriam de um a outro dos dois oceanos. Falcão ouvia deslumbrado, e pedia mais. Então o outro fez-lhe uma extensa computação das companhias e bancos, ações, saldos de orçamento público, riquezas particulares, receita municipal de New York; descreveu-lhe os grandes palácios do comércio...

— Realmente, é um grande país, dizia o Falcão, de quando em quando. E depois de
três minutos de reflexão: — Mas, pelo que o senhor conta, só há ouro?

— Ouro só, não; há muita prata e papel; mas ali papel e ouro são a mesma coisa. E
moedas de outras nações? Hei de mostrar-lhe uma coleção que trago. Olhe; para ver o que é aquilo basta pôr os olhos em mim. Fui para lá pobre, com vinte e três anos; no fim de sete anos, trago seiscentos contos.

Falcão estremeceu: — Eu, com a sua idade, confessou ele, mal chegaria a cem.

Estava encantado. Reginaldo disse-lhe que precisava de duas ou três semanas, para
lhe contar os milagres do dólar.

— Como é que o senhor lhe chama?

— Dólar.

— Talvez não acredite que nunca vi essa moeda.

Reginaldo tirou do bolso do colete um dólar e mostrou-lho. Falcão, antes de lhe pôr
a mão, agarrou-o com os olhos. Como estava um pouco escuro, levantou-se e foi até à
janela, para examiná-lo bem — de ambos os lados; depois restituiu-o, gabando muito o
desenho e a cunhagem, e acrescentando que os nossos antigos patacões eram bem bonitos.

As visitas repetiram-se. Reginaldo assentou de pedir a moça. Esta, porém, disse-lhe
que era preciso ganhar primeiro as boas graças do tio; não casaria contra a vontade dele. Reginaldo não desanimou. Tratou de redobrar as finezas; abarrotou o tio de dividendos fabulosos.

— A propósito, o senhor nunca me mostrou a sua coleção de moedas, disse-lhe um
dia o Falcão.

— Vá amanhã à minha casa.

Falcão foi. Reginaldo mostrou-lhe a coleção metida num móvel envidraçado por
todos os lados. A surpresa de Falcão foi extraordinária; esperava uma caixinha com um
exemplar de cada moeda, e achou montes de ouro, de prata, de bronze e de cobre. Falcão
mirou-as primeiro de um olhar universal e coletivo; depois, começou a fixá-las
especificadamente. Só conheceu as libras, os dólares e os francos; mas o Reginaldo
nomeou-as todas: florins, coroas, rublos, dracmas, piastras, pesos, rúpias, toda a
numismática do trabalho, concluiu ele poeticamente.

— Mas que paciência a sua para ajuntar tudo isto! disse ele.

— Não fui eu que ajuntei, replicou o Reginaldo; a coleção pertencia ao espólio de
um sujeito de Filadélfia. Custou-me uma bagatela:— cinco mil dólares.

Na verdade, valia mais. Falcão saiu dali com a coleção na alma; falou dela à
sobrinha, e, imaginariamente, desarrumou e tornou a arrumar as moedas, como um amante
desgrenha a amante para toucá-la outra vez. De noite sonhou que era um florim, que um
jogador o deitava à mesa do lansquenet, e que ele trazia consigo para a algibeira do jogador mais de duzentos florins. De manhã, para consolar-se, foi contemplar as próprias moedas que tinha na burra; mas não se consolou nada. O melhor dos bens é o que se não possui.

Dali a dias, estando em casa, na sala, pareceu-lhe ver uma moeda no chão. Inclinou-
se a apanhá-la; não era moeda, era uma simples carta. Abriu a carta distraidamente e leu-a espantado: era de Reginaldo a Virgínia...

— Basta! interrompe-me o leitor; adivinho o resto. Virgínia casou com o Reginaldo,
as moedas passaram às mãos do Falcão, e eram falsas...

Não, senhor, eram verdadeiras. Era mais moral que, para castigo do nosso homem,
fossem falsas; mas, ai de mim! eu não sou Sêneca, não passo de um Suetônio que contaria dez vezes a morte de César, se ele ressuscitasse dez vezes, pois não tornaria à vida, senão para tornar ao império.

3.6.09

David Lynch lançou essa semana o seu novo projeto, chama-se Interview Project. São entrevistas com pessoas que o diretor e sua equipe acham "interessantes". Pela cabeça doidinha do diretor, você já sabe que vem coisa por aí. Ele promete postar entrevistas a cada 3 dias durante 1 ano.


Interview Project

2.6.09

Alguma alma beeeem caridosa (ou algum SPAM) indicou o Bloj! no prêmio Top Blog. Enfim, estou meio sem curiosidade alguma para descobrir quem toca o prêmio. Então vou colar logo o selinho deles aqui e ir atrás de mais coisas para postar por aqui.




Já reparou que quando queremos xingar alguém recorremos ao mundo animal? Um cara brucutu é cavalo, mulher fácil é vaca, homem fácil é galinha, ignorante é macaco. Estamos sempre negando nossa origem animal, como se defecar, urinar, suar, produzir muco, cera e gordura fosse algo totalmente inorgânico e não-natural.

28.5.09

O Paulo Peres escreve sobre cinema no Blue Bus. Vale a pena dar uma olhada no blog dele.

Cinema curto

27.5.09

Hoje faleceu o Ianelli. Bom, já tinha feito o que viera fazer. Uma pena, entretanto. Abaixo, Sinfonia em Branco. Se você não conhece o trabalho dele, vale a pena uma busca.

26.5.09

O meu é de 2007. Excelente essa "reconstituição histórica" da Wbdesigner Depot.
Você precisa ver Budapeste, de Walter Carvalho. Sinceramente, não consigo fazer um juízo de valor sobre a obra. E acho que isso é o que menos importa. Budapeste é denso, não pela trama, não pelo argumento mas pelo modo de como a história é contada. É denso porque é difícil identificar onde está essa complexidade. Budapeste tira você da rotina, dessa nossa vida mecanizada de acordar, trabalhar muito, tentar se divertir um pouco e voltar para casa dormir. Budapeste para sua vida e faz uma pergunta. Você precisa pensar com calma, até para achar os vários furos do filme e conseguir julgar o filme. Você pode achar o filme ruim. Mas, novamente, isso é o que menos importa. O interessante é saber que ele impõe uma reflexão, seja para o bem ou para o mal. Confira o trailer.



15.5.09

Este é o documentário US NOW, que trata sobre a colaboração em massa que a internet nos facilitou. Torcedores dirigindo times de futebol, redes sociais e por aí vai. A questão é: um coletivo é mesmo melhor que uma pessoa só? Lembre-se que o coletivo é sempre generalista e a pessoa é sempre especialista. Pense nisso.

Via UoD.

Us Now from Banyak Films on Vimeo.

13.5.09

E aí está o candidato de 2010 que a Pixar desenvolveu. Mas só pelo mês de lançamento já dá para saber que não vai levar. Como consolação, uma indicação a melhor animação e uma possível estatueta. É, vamos ter que esperar mais.



12.5.09

Vai ser um filme polêmico só porque estamos no Brasil, nação católica. Tirando isso, estou com a impressão que por causa deste tema polêmico vamos perder discussões bem mais ricas e interessantes que o filme traz. E você, o que acha?

5.5.09

Não sou corintiano, mas postei esse vídeo só como exemplo de ótima reportagem sobre os campeões estaduais de 2009. Será que temos muitos repórteres capazes de associar a trajetória de um time a um clássico da MPB? Eu acho que não. O que vemos é um monte deles se engalfinhando nas entrevistas coletivas para fazer as mesmas perguntas. Até jogador de futebol sabe disso, tanto que já programa suas respostas. Vamos fazer o melhor, mas sempre respeitando o adversário. Treino é treino e jogo é jogo. E a culpa é de quem? De quem não passou da quinta série ou de quem se formou na faculdade?


24.4.09

Animação vencedora do Oscar 2009.

22.4.09

Bem bacana o blog de quadrinhos do UOL, reportagens bem escritas e interessantes.

UOL Quadrinhos
Assisti Estômago, vencedor do prêmio vivo de cinema brasileiro 2009. Hummm, mais uma história de retirante nordestino que tenta a vida em São Paulo. Será que não conseguiremos largar esse estigma? Eu acho que sim, linha de passe, meu nome não é johnny, o cheiro do ralo, entre outros são muitos melhores que estômago. Eu sei que alguns deles não são desse ano, mas vá lá. Estômago não passa de um bom filme. E só.

20.4.09

Eu gosto de coisas antigas. Tenho uma pop9 e uma Diana+ (são máquinas lomo, procure pelo efeito que elas dão no rei google) e uma câmera de cinema 8mm. Mas esse não é o motivo de ter gostado de Rebobine, por favor, filme do louquinho Michel Gondry. Quem não sente saudade do VHS, pelas lembranças de ter que limpar o cabeçote ou ter que rebobinar a fita? Ou quem nunca editou um filme caseiro usando dois video-cassetes? Mas o filme é muito mais que isso, uma comédia bisonha sobre a indústria do cinema. Gondry deve ter lembrado muito do passado quando fazia filmes caseiros e os editava no próprio video-cassete ou chamava os amigos para contracenar. Rebobine, por favor não é um filmão e nem chega aos pés de seu último filme mas é uma comédia como há tempos holywood não fazia. Aliás, Holywood não costuma fazer filmes dessa qualidade, especialmente comédias. Então vá ver.

16.4.09

Uma ferramenta bem bacana para planejar suas viagens pelo Brasil. Eu sei que tem um aplicativo que faz esse mesmo cálculo com cidades do exterior. Mas eu não tô muito aí para gringa não, então...

Taxímetro online

15.4.09

Da Redação www.cineclick.com.br

Meu Nome Não é Johnny ganhou seis prêmios
Foi entregue na noite desta terça-feira (14/4), em festa de gala no Rio de Janeiro, o Grande Prêmio Vivo do Cinema Brasileiro, conhecido como o "Oscar do Cinema Brasileiro", apresentado por Daniel Filho (Se Eu Fosse Você 2) e Marília Pêra (Polaróides Urbanas). Foram 27 categorias, elegendo os maiores destaques em longa e curta-metragem do cinema Brasileiro.

Repetindo a estratégia de sucesso da edição passada, o Grande Prêmio Vivo do Cinema Brasileiro também teve participação do público na escolha de duas categorias especiais: Melhor Longa-metragem de Ficção Nacional e Melhor Longa-metragem de Ficção Estrangeiro.

Estômago e Meu Nome Não é Johnny, que lideraram as indicações, ambos concorrendo em 14 categorias, levaram 5 e 6 prêmios, respectivamente.

Rodrigo Santoro (Cinturão Vermelho), Tony Ramos (Se Eu Fosse Você 2), Cauã Reymond (Divã) e Cacá Diegues (O Maior Amor do Mundo) apresentaram categorias durante a entrega do prêmio Grande Otelo.

Nelson Pereira dos Santos foi o grande homenageado da noite pela Academia de Cinema Brasileiro e recebeu o trófeu pelo ator Carlos Vereda. Ankito e Dercy Gonçalves receberam homenagens póstumas.

Confira os vencedores:

Melhor Longa-metragem de Ficção Nacional:
Estômago, de Marcos Jorge

Melhor Longa-metragem Nacional pela votação do público:
Estômago, de Marcos Jorge

Melhor Longa-Metragem de Ficção Estrangeiro:
Vicky Cristina Barcelona, de Woody Allen

Melhor Longa-Metragem Estrangeiro pela votação do público:
Vicky Cristina Barcelona, de Woody Allen

Melhor Documentário
O Mistério do Samba

Melhor Filme Infantil
Pequenas Histórias

Melhor Filme de Animação - Menção Honrosa
Garoto Cósmico

Melhor Diretor
Marcos Jorge (Estômago)

Melhor Ator
Selton Mello (Meu Nome Não é Johnny)

Melhor Atriz
Leandra Leal (Nome Próprio)

Melhor Ator Coadjuvante
Babu Santana (Estômago)

Melhor Atriz Coadjuvante
Júlia Lemmertz (Meu Nome Não é Johnny)

Melhor Roteiro Original
Cláudia da Natividade, Fabrízio Donvito, Lusa Silvestre e Marcos Jorge (Estômago)

Melhor Roteiro Adaptado
Mariza Leão e Mauro Lima (Meu Nome Não é Johnny)

Melhor Figurino
Chega de Saudade

Melhor Maquiagem
Ensaio Sobre a Cegueira

Melhor Trilha Sonora
Os Desafinados

Melhor Trilha Sonora Original
Meu Nome Não é Johnny

Melhor Direção de Arte
Ensaio Sobre a Cegueira

Melhor Edição - Ficção
Meu Nome Não é Johnny

Melhor Edição - Documentário
O Mistério do Samba

Melhor Fotografia
Ensaio Sobre a Cegueira

Melhor Som
Meu Nome Não é Johnny

Melhores Efeitos Especiais
Ensaio Sobre a Cegueira

Melhor Curta-Metragem - Animação
Dossiê Rê Bordosa

Melhor Curta-Metragem - Documentário
Dreznica

Melhor Curta-Metragem - Ficção
Café com Leite

14.4.09

Internet é bom pq vc pode trabalhar muito ou simplesmente se divertir. Neste link você descobre que sabor seu corpo tem se você for comido por um canibal. Se o dia estiver difícil, clique aqui.




What would you taste like to a cannibal?

Created by Recipe Star

9.4.09

Fuçando no Itunes da máquina do trabalho, achei esse bom álbum: hit the floor do Breaktestra. Um som funkeado e orquestrado que vale a procura no YT. Segue site.

Breaktestra
Zuação da boa com o CSS.


8.4.09

Em tempos de monografia, o BloJ! virou uma montanha de posts sobre tipografia. E lá vai mais um. É que uma designer canadense, Ellen Lupton, lançou um livro ótimo sobre o assunto - Pensar com tipos. Ela faz uma análise da história da tipografia (de Gutemberg até o século XXI) e explica tudo que todo mundo deveria saber sobre o assunto. Vale o ingresso. Vai lá que na Cultura tem.


Pensar com tipos - Ellen lupton

5.4.09

Eu já tenho duas edições (de dez publicadas até agora) da ótima revista de cultura independente +Soma. Gratuita, ela traz excelentes entrevistas, boa diagramação e uma pauta bastante interessante. Tem no RJ, SP e DF e é distribuida em centros culturais, galerias de arte e bancas bem bacanas. Coloquei o site para vocês darem uma olhada.

Revista +Soma

30.3.09

Sábado passado rolou no mundo todo a Hora do Planeta, um manifesto de alerta contra o aquecimento global. A uma determinada hora, todo mundo tinha que desligar as luzes. Um planeta às escuras. A priori, a ideia é boa. Mas só a princípio. Esse manifesto é um prato cheio para os políticos. Ora, é muito fácil apagar as luzes dos principais monumentos da cidade e dizer que se preocupa com o tema. Não tem eleitor que não aplauda. Mas, no Brasil, o problema do aquecimento global é de outra natureza que não a matriz energética. E isso não está sendo discutido. O Brasil é o quarto país em emissão de gases poluentes. E a culpa não é das indústrias ou da nossa crescente frota de carros. O problema está nas queimadas indiscriminadas na Amazônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul para a preparação de pasto. Hoje o Brasil tem mais cabeças de gado (220 milhões) do que pessoas (193 milhões). E o impacto do gado não é só pelas queimadas, há o estrume, o consumo de água e outros problemas que a criação em larga escala desse animal produz. Isso que China e Índia, os dois maiores mercados consumidores em desenvolvimento não consomem como Europa, Brasil e EUA. Mas estão ávidos por isso. O planeta não aguenta por tanta fome.
É por essa e outras que a Hora do Planeta, aqui, é um engodo. Não nos ajudou em nada na discussão do problema. Eu mesmo deixei as luzes acesas e comi uma bela salada. Fiz mais que muita gente.
Ultimamente tenho postado muitos vídeos. Mas hoje a dica é outra. Tem um caboco do sul que escreve muito bem. Ele é acadêmico e, de tanto ler, resolveu escrever suas próprias linhas. E foi com a calma e humildade que todo novato deve ter que escreveu um bom texto. É um texto cheio de referências e que destila uma inteligência fina e bem-humorada. Da próxima vez que for à livraria, procure por ele.

Luiz Antonio de Assis Brasil

Ensaios íntimos e imperfeitos

27.3.09

18.3.09

Há alguns meses atrás, eu havia indicado o blog da Adidas, o Originals. Agora os caras lançaram uma seção nova, só com perfis. O primeiro é de José Junior, o caboco do AfroReggae. Vale a pena ver. Contundente.




Obama Brasileiro

16.3.09

Já saiu o resultado do Claro Curtas. Só digo uma coisa: muito fácil ganhar, hein. Com esses concorrentes...

13.3.09

Último filminho da campanha do Doritos americano. Para começar bem essa sexta.


Mais um filminho do Doritos americano que eu havia comentado alguns posts atrás. Esse agora eu ainda não descobri quem produziu. Minha veia jornalística está preguiçosa para caralho.




Flickermood 2.0 from Sebastian Lange on Vimeo.

12.3.09

A Goodby, Silverstein & Partners, uma grande agência de publicidade estadunidense, lançou para o Doritos deles (Lays) uma campanha bem legal. Quer dizer, legal mesmo são as animações. Essa aí debaixo foi feita pela Blacklist. Vale muito dar um pulo lá e conferir o reel dos cabocos.



11.3.09

Vi Entreatos, documentário de João Salles sobre os dias que antecederam a eleição histórica de Luís Inácio Lula da Silva, em 2002. Quem nunca trabalhou com o Governo, vai entender como a política afeta a vida do nosso país e como ela é um pé no saco. Sempre medindo palavras, se policiando para passar a imagem certa, pensando muito antes de falar...todo tipo de ação que acabam construindo uma máscara nojenta sobre nossos comandantes e que fazem da política uma seara perigosa, traiçoeira e degradante.

O filme em si não detona ninguém, aliás, tem a virtude de documentar acima de tudo. Mas dá para ver com quem a gente está lidando.

10.3.09

Acabo de ler O Coringa. Já tenho o próximo livro em mente: Superman: pelo amanhã, do mesmo autor. Precisa dizer mais alguma coisa?
Finalmente tenho em mãos O Coringa, graphic novel de Brian Azzarello e muito bem ilustrada por Lee Bermejo. Preciso dizer que é bom?

2.3.09

Quem quer ser um Milionário? tinha mesmo que levar o prêmio. É filme que pega os americanos pelas bolas. A história de um garoto que não se abala com as dificuldades e no final se dá bem é mais um exemplo do sonho americano, da meritocracia, da filosofia de vida que está arraigada neles há anos. E em um tempo de esperança que o governo Obama trouxe, não poderia dar outra.

Mas é aí que reside o problema. Já foram inúmeros os filmes que falaram sobre isso. À procura da felicidade deve ter sido o último blockbuster que esta parca memória que vos fala se lembra. E como na maioria desses filmes, a história só engrena para lá do meio. Os personagens são bons, carismáticos. Mas é mais do mesmo. A fotografia é linda. A edição também, mas não ofuscam, e nem deveriam, o problema do argumento.

Quem acha que Quem Quer ser um Milionário? é uma glamurização da pobreza, está enganado. Este termo vendo sendo descaracterizado em inúmeros noticiários. Danny Boyle nos mostra uma Mumbai suja e pobre, claro de um jeito interessante, afinal, ele está fazendo cinema e não uma reportagem, mas não há motivo que faça o espectador querer conhecê-la. É lá que os muçulmanos são perseguidos, é lá que o tráfico e a prostituição correm soltos, é lá que os mendigos importunam quem quer que passe. Onde está o glamour nisso? Não é isso que faz de Quem quer ser um Milionário? um filme ruim. Me parece bem mais um preconceito, uma forma de não dar importância ao tema, uma forma de deixar invisível um problema real. Isso me incomoda muito.

Mas vá ver Quem Quer ser um Milionário? e tire suas próprias conclusões.