2.3.09

Quem quer ser um Milionário? tinha mesmo que levar o prêmio. É filme que pega os americanos pelas bolas. A história de um garoto que não se abala com as dificuldades e no final se dá bem é mais um exemplo do sonho americano, da meritocracia, da filosofia de vida que está arraigada neles há anos. E em um tempo de esperança que o governo Obama trouxe, não poderia dar outra.

Mas é aí que reside o problema. Já foram inúmeros os filmes que falaram sobre isso. À procura da felicidade deve ter sido o último blockbuster que esta parca memória que vos fala se lembra. E como na maioria desses filmes, a história só engrena para lá do meio. Os personagens são bons, carismáticos. Mas é mais do mesmo. A fotografia é linda. A edição também, mas não ofuscam, e nem deveriam, o problema do argumento.

Quem acha que Quem Quer ser um Milionário? é uma glamurização da pobreza, está enganado. Este termo vendo sendo descaracterizado em inúmeros noticiários. Danny Boyle nos mostra uma Mumbai suja e pobre, claro de um jeito interessante, afinal, ele está fazendo cinema e não uma reportagem, mas não há motivo que faça o espectador querer conhecê-la. É lá que os muçulmanos são perseguidos, é lá que o tráfico e a prostituição correm soltos, é lá que os mendigos importunam quem quer que passe. Onde está o glamour nisso? Não é isso que faz de Quem quer ser um Milionário? um filme ruim. Me parece bem mais um preconceito, uma forma de não dar importância ao tema, uma forma de deixar invisível um problema real. Isso me incomoda muito.

Mas vá ver Quem Quer ser um Milionário? e tire suas próprias conclusões.

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