25.4.06

Tomem cuidado com arte contemporanea. Um jeito visual interessante de escrever pode prender você. É o que acontece com Metabiótica, de Alexandre Órion. A interferência na foto é muito interessante. Mas não passa disso. O diálogo dos elementos é raso e disperso. O humor atrapalha o quê de social das outras fotos. O lado infantil também atrapalha. E no final, do que ele está falando? Para onde essa obra vai? Acho que esse artista pode ir além. Mas ainda não foi o caso.

24.4.06

O porteiro, indiferente, bocejou ao abrir a porta. O elevador não permitiu nenhuma conversa. Ela queria falar, a porta lhe impediu. Ela o olhava como se pedisse um pouco de atenção. Ele só estava com fome.
Deitada na cama, a luz fraca da noite iluminava a cômoda. Os olhos marejados impregnavam o móvel com tristezas. Logo aquele móvel, que trazia escondidas pelas sombras fotos de pretensa alegria. O tempo lava mais fácil a felicidade mentida. Ao lado, o namorado grunhia recados de amor barato. Amava mais o travesseiro que a ela.
A cômoda insistia em lembrá-la do pai. Era como um telão a passar momentos da tortuosa infância. O pai, filho de caminhoneiro, praticamente não vivia em casa. Foi criada pela mãe, pela tia e pela amante do pai. Sendo as últimas duas a mesma pessoa. Ambas irmãs sempre souberam de tudo. O marido e amante as obrigava a se deitarem juntas. Esquálidas, nada podiam contra ele. Um sujeito animalesco. Mas tinha a decência de deixar a meninota dormir em um quarto separado enquanto surrava palavras ao ouvido delas e da comunidade inteira.
Ela tinha só 12 anos, quando uma noite ele parou sem roupas em frente à sua cama. Ela acordou esbaforida. Calmo, mandou-a colocar a boca em suas partes. Gritou. Sem forças, a mãe escondida na penumbra da porta consentia com lágrimas. Só levantou porque era sua filha. A tia, convivendo há anos com essa dor, músculos enrijecidos pelo sofrimento, pensava que as coisas poderiam ficar menos difíceis com a vinda de uma nova carne. Mesmo sendo a de um membro da família.
Ela obedeceu. Colocou-o na boca e quis logo tirar assim que o sentiu endurecer. O amante não deixou. Segurou-a pela nuca, como se fazem com os cachorros. Facilmente alcançou sua garganta. No segundo depois, arremessou-a contra a cabeceira dura da cama. A mãe continuava a observar tudo da entrada do quarto.
De súbito, entra no quarto e enfia o dedo na vagina da filha. Pronto! Chega! Já não é mais virgem, gritava. E chorando se recostou no guarda-roupas e foi deslizando até o chão. Viu a filha carregar a dor que ela não conseguira suportar em trinta anos. Não, não, não.
Fora um ato impensado. Não se lembrara dos momentos de ousadia que tivera nesses anos todos de casados. A mão suja de graxa a refez lembrar. Destroçada por um simples safanão, não conseguiu mais levantar.
Gordurento, voltou-se para a pequena e abriu-lhe as pernas franzinas. Ela não derramou uma só lágrima.
A noite parecia calma. Mas as trevas nunca gritam em quando se há agitação. Por que uma lembrança tão antiga veio à tona? Os olhos continuavam marejados. As pernas frias começaram a tremer. A cômoda ainda chamava a sua atenção. Aqueles pensamentos não saíam da cabeça. De repente, um beijo do companheiro. Ele só queria que ela dormisse. Sentiu nojo dele. E da sua boca. Ela não queria mais aquele corpo. O dele e o dela. Tinha repulsa àqueles peitos murchos. Aos cabelos desgrenhados. Às costas que mostravam as costelas.
Um líquido veio aquecer as pernas. Sangue seco não sai do lençol. Não se importou muito, aqueles lençóis não eram dela mesmo. E por alguns minutos, não teve nojo de ter as pernas molhadas e cheirando mal. Sentia a dor se esvair.
A noite não iria gritar. A brisa da janela aberta refrescava o suor nos olhos fundos. O lençol grudava nas pernas. Era só mais uma noite.

17.4.06

Hoje é dia de olhar uma exposição. E por que você precisa fazer isso se você já tem um artista/movimento preferido? Porque arte é renovação. Toda hora fica mudando conceitos, temas e jeitos de ver o mundo. Há também muitos diálogos entre artistas. Se você não vai a exposição, fica parado no tempo e não renova as idéias.

Ok, você chegou a exposição. Geralmente quem não vai muito a exposições fica receoso nas primeiras visitas. Relaxe. Em quase todas as exposições existe um texto do curador ou do artista na entrada do salão. Não leia esse texto! Vá direto ver as obras. Dê uma circulada geral, olhe as obras, pense sobre o que elas estão te dizendo. Não se preocupe se você não entendeu muita coisa. Pense sobre o que você achou das obras. Tente ir além do é bonito ou não. Se você conseguiu formar uma opinião sobre 1 obra, parabéns. Arte não é feita para você entender tudo de cara.

Ok, agora volte e vá ler o texto do curador. Eles geralmente explicam o que a exposição quer passar. O problema desses textos explicativos é que eles são viciantes. Você chega perdido a uma exposição, sem saber o que esperar, sem saber se vai entender e se depara com uma explicação de bandeja, assim, logo de cara. Isso vicia o olhar. Você vê as obras e só enxerga o que o texto disse.

Isso não tem graça. Porque não foi você que descobriu aquilo, pode não ter sido aquilo que chamou sua atenção. Quando você vê primeiro as obras, você vê o que te chama a atenção e pensa sobre isso. E depois você acrescenta o que o curador acha das obras. Você sai com 2 visões diferentes.

Não se preocupe se o que você percebeu é diferente do que o curador disse. Uma obra tem infinitas interpretações e nem sempre o curador vai conseguir abordar a maioria delas.

Você não precisa sacar tudo. Se você aprendeu uma coisa nova, já valeu a pena.

Se você gostou da exposição, procure a biografia do artista no google. É rápido e fácil. E vai te ajudar a entender mais as obras de determinado artista.

13.4.06

O próximo passo é aprender sobre as técnicas. Lembra quando você ia nos museus e tinha um papelzinho do lado do quadro dizendo assim Oléo sobre tela? Ou falando acrilico sobre tela? Hoje você vai saber porque esse papel é importante.

Imagine que você vai desenhar. Pega um lápis e começa a fazer traços. Só que o lápis começa a se esfarelar e o traço não fica exato, fica manchado. Esse lápis é o carvão. Se vocë souber que o carvão desmancha e não faz traços precisos, você não vai reclamar que o desenho está todo manchado quando ver um desenho feito com carvão.

Conclusão: o material influi na obra final.

O Guia inicial:

Tinta a oleo. É uma tinta a base de oléo.(sério?) Ela demora para secar então você pode corrigir pinceladas erradas. Quando você vê um quadro renascentista com aquelas pessoas "perfeitas", saiba que elas foram feitas a oleo. Essa tinta permite isso, que o pintor fique horas durante o quadro, corrigindo, detalhando e olhando os minimos detalhes.

Tinta acrilica. É a base de água, bem mais fácil de manejar. Mas ela seca mais rápido, não dá para ficar detalhando e mudando tanto quanto a oleo. Mas as cores ficam bem mais vivas. Se você fosse pintar algo bem chamativo, com certeza, não pintaria com oleo.

Resumo. A técnica influi na obra. Para que pintar com todo detalhe se eu posso jogar a tinta direto na tela? Comece a reparar como a técnica muda o jeito de ver a obra.

Quando você gostar de um quadro, olhe sua técnica e procure na web. Você vai perceber como isso faz muita diferença na hora de olhar um quadro.

12.4.06

Agora que arte já faz um certo sentido para você, vamos ao passo 2:uma panorâmica. Você precisa conhecer a história da arte.GEral, não se limite a história ocidental. É preciso estudar o que rolou no Brasil e no Oriente. Sim, porque apesar do Brasil ser ocidente, sua arte é muito pouco estudada. Você não precisa ir muito a fundo. Nessa etapa o que vale é ter uma boa noção geral. Tem que sacar como as pessoas se relacionavam com a arte. Vai te ajudar a entender melhor como é a SUA relação com a arte. Talvez você goste das pinturas rupestres, que eram feitas nas paredes das cavernas. Será que é possível fazer um paralelo com o mundo contemporâneo? Talvez www.hotelfox.dk explique alguma coisa.

Para fazer uma panorâmica da arte, acesse:

http://mdi.busca.uol.com.br/framemdi.htm?name=Timeline%20of%20Art%20History&star=3&url=http://www.metmuseum.org/toah/splash.htm
Agora que arte já faz um certo sentido para você, vamos ao passo 2:uma panorâmica. Você precisa conhecer a história da arte.GEral, não se limite a história ocidental. É preciso estudar o que rolou no Brasil e no Oriente. Sim, porque apesar do Brasil ser ocidente, sua arte é muito pouco estudada. Você não precisa ir muito a fundo. Nessa etapa o que vale é ter uma boa noção geral. Tem que sacar como as pessoas se relacionavam com a arte. Vai te ajudar a entender melhor como é a SUA relação com a arte. Talvez você goste das pinturas rupestres, que eram feitas nas paredes das cavernas. Será que é possível fazer um paralelo com o mundo contemporâneo? Talvez www.hotelfox.dk explique alguma coisa.

Para fazer uma panorâmica da arte, acesse:

http://mdi.busca.uol.com.br/framemdi.htm?name=Timeline%20of%20Art%20History&star=3&url=http://www.metmuseum.org/toah/splash.htm

11.4.06

se vc nunca foi a uma galeria, a última vez q foi a uma exposição foi pelo colégio ou dormia nas aulas de arte da escola, este curso é para você.

Aula 1 - Para que arte?

Arte precisa fazer sentido na sua vida. Críquete não me desperta interesse. Não faz sentido para mim. Está fora da minha vida. Se arte não faz sentido para você, arte está fora da sua vida.

Mas, sim, ela faz sentido na sua vida. Mesmo você achando que não.

Quem não tem um estilo musical preferido? Uma música que marcou uma época? Um quadro pendurado na parede de casa? Quem não tem um livro no criado mudo?

Não estou questionando a qualidade disso tudo. Só quero mostrar que arte faz sim sentido na sua vida. É hora de pensar sem preconceitos sobre arte.

7.4.06

Maria, cheia de graça.

Vale a pena ver. A história é triste, não chega a ser um denuncismo exacerbado. O filme meio que anda torto, tropeça várias vezes. Não consegue tomar o público. Mas cambaleante desse jeito, conta com perfeição a história da Maria, uma menina meio cambaleante, que sofre mas não nos desperta o perdão. Um filme gauche.